Início » Portfolio » O Diabo quer roubar, matar e destruir as crianças
- junho 08, 2021
No capítulo 10, do livro de Marcos, Jesus, como de costume, ensinava a multidão. Em um dado momento, pessoas tentaram levar algumas crianças para serem abraçadas por Ele. Todavia, rapidamente, elas foram impedidas pelos discípulos. Este ato reflete exatamente o valor cultural que era dado à criança àquela época, qual seja: vista como insignificante. Mais de dois mil anos se passaram e muitos ainda são os entraves que impedem as crianças de se achegarem a Cristo. A estratégia inimiga é roubar a pureza e a inocência dos pequeninos, ludibriando-lhes a mente, de modo a impedi-los de se relacionarem com o Mestre. A história se repete nos dias atuais e, infelizmente, em muitas ocasiões são os próprios discípulos que acabam dificultando a relação das crianças com o Senhor Jesus.
Hoje, mais do que nunca, as crianças precisam do Salvador. A infância nunca foi tão atacada quanto tem sido em nossa era. As crianças e os adolescentes jamais correram tantos riscos como correm nos dias atuais. Os dados numéricos nos assustam, em especial no Brasil. Nosso país, infelizmente, se tornou um lugar inseguro para crianças e adolescentes viverem.
De acordo com dados da UNICEF, no Brasil, todos os dias, 32 crianças e adolescentes morrem assassinados. Há, em média, 40 mil registros de crianças e adolescentes desaparecidos por ano, e uma parcela significante dos desaparecidos jamais é encontrada. Um estudo realizado pelo Ministério Público do Paraná aponta que a cada hora, três crianças ou adolescentes são sexualmente abusados em nossa nação. Mais de 1 milhão de crianças e adolescentes estão no trabalho infantil no Brasil. Isso sem falar nas crianças indígenas, que são sacrificadas por motivação cultural, e milhões de outras que vivem em situação de extrema pobreza. Já fomos considerados o pior país da América do Sul para se nascer menina.
Então vamos direto ao ponto: por que tanta violência? Onde estão as crianças desaparecidas? Por que há tantos adolescentes envolvidos com o crime? Precisamos de respostas! As crianças e os adolescentes têm pressa. Chega de dor, de sofrimento e de sangue! Os dados do ano de 2019 do Disque 100 (canal de recebimento de denúncias de violação de direitos do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos) apontam que houve 86.837 denúncias de violações de direitos humanos contra crianças e adolescentes em nosso no país naquele ano. As acusações mais frequentes são: violências psicológica, física e sexual, e/ou negligência.
A proteção da criança e do adolescente não é dever apenas do Estado. A família e a sociedade devem ser os verdadeiros protagonistas nesta luta. Eles devem estar engajados e imbuídos no firme propósito de cuidar das nossas crianças, conforme preconizado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, em seus 30 anos de existência.
A Igreja também tem importante papel na luta pelo fim da violência contra crianças e adolescentes. E acredite: a missão da Igreja não é apenas orar pelos pequeninos, sua missão vai muito além.
Hoje ocupo o cargo de Ministra de Estado, estou ministra, mas sou pastora de crianças. Sei da minha missão institucional no Governo, mas também sei da minha missão no Reino de Deus. Diante das atribuições que me foram outorgadas pelo Presidente da República, e consciente da minha responsabilidade enquanto gestora pública de garantir o pleno direito aos nossos meninos e meninas, é que estou convicta de que se o Estado quiser atuar sozinho, jamais será vencedor nessa batalha pela vida plena de nossos infantes, que estão nos centros, nas periferias, nos campos, nas florestas e nas comunidades tradicionais e indígenas.
Precisamos nos unir! Nenhum “ator”, isoladamente, é capaz de vencer o desafio de garantir os direitos das crianças e dos adolescentes. Precisamos ser incansáveis na estruturação de uma rede de proteção que seja genuinamente capaz de assegurar o bem-estar de nossas crianças.
Mas… e a família? Em especial a família cristã. Ela tem cumprido o seu papel na proteção e na formação de nossas crianças? Como andam as relações entre pais e filhos no Brasil? Como está a família cristã no presente momento?
Uma nação é verdadeiramente forte quando firma os seus alicerces na família. A própria Constituição, em seu art. 226, a reconhece como base da sociedade. O lar é a primeira escola da vida de qualquer criança. Por essa razão é imprescindível ações e iniciativas voltadas para o fortalecimento dos vínculos familiares.
A Igreja, por sua vez, é fonte inesgotável de referência para o universo infantil e possui a incumbência de ser a continuidade da casa, não só para acolhimento e desenvolvimento espiritual, mas também para formação de um escudo frente aos desafios contemporâneos, como o aumento gradativo da depressão e os riscos do excesso de exposição no mundo virtual. Estruturas como classes dominicais, colônias e escolas bíblicas de férias, retiros e acampamentos, cultos para crianças, ministérios infantis, além, é claro, das escolas confessionais, são e sempre foram contrapontos importantes às ofertas sedutoras dos inimigos da infância e do adversário de nossas almas.
São essas estruturas, associadas ao fortalecimento da família e aliadas às boas políticas de Estado que irão desempenhar papel fundamental na construção e consolidação do caráter da criança e do adolescente, formando cidadãos capazes de exercer os seus direitos, cumprir os seus deveres e de ser pessoas felizes, com a garantia de vida eterna junto ao Criador.
Estamos diante de um dos momentos mais difíceis da nossa história. Os ataques das trevas se intensificam a cada dia. Nossas crianças e adolescentes estão sendo bombardeados com conteúdos impróprios em todas as mídias, redes sociais e também pela indústria do entretenimento. O objetivo é único: impedir que nossos pequeninos se acheguem a Cristo.
Esta obra, que a odontopediatra e pedagoga Isildinha Muradas nos oferta, vem para alertar e equipar famílias contra esses ataques frontais aos nossos filhos, além de ensinar o caminho para que as crianças se acheguem ao Mestre. Honra-me prefaciar o livro “O Diabo quer roubar, matar e destruir as crianças, mas você pode impedir isso!”
O presente livro traz ensinamentos e reflexões embasadas não só na experiência diária da Autora em cuidar, proteger e orientar a família, sobretudo, os seus filhos, mas também sustentadas pela revelação e sabedoria de uma pastora, mãe e mulher, ungida por Deus, com uma trajetória conhecida e um trabalho reconhecido pela comunidade cristã.
Que se levante no Brasil homens e mulheres valentes, como Isildinha Muradas, na luta em defesa da vida, da família, das crianças e dos adolescentes. E que a Igreja brasileira se una em um grande pacto pela infância, caso contrário, perderemos esta geração!
Pelo bem das nossas famílias, de nossos filhos e de todo o Brasil, convido você a mergulhar na leitura deste livro.
DAMARES REGINA ALVES
Ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos
do governo Jair Bolsonaro
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